04 maio 2014

#Texto: E o que você faz?





Oi pessoal! Desculpa não ter postado nada ontem, mas aconteceu um pequeno acidente comigo, Débora não é Débora sem tropeçar no meio da rua e, bem foi isso que aconteceu. Meu joelho tá bem machucado e dói até pra andar, mas eu levo na esportiva já até me acostumei. Enfim, hoje eu trouxe um texto pra vocês que eu escrevi enquanto as lágrimas rolavam... chorona   Espero que gostem, beijos.


                  A noite estava fria e absolutamente calma, o moletom velho que havia ganhado como esmola já estava desgastado, as luvas estavam rasgadas e ele sentia o corpo congelar aos poucos. Enrolado com alguns trapos e em cima de um papelão, ele questionou a razão da sua vida ser tão miserável.  Acordava antes mesmo de o sol nascer, tinha que caminhar várias horas e elaborar uma maneira de ganhar dinheiro para o café da manhã, caso não conseguisse ele teria que passar o dia com fome.

                  Sentia-se invisível por muitas vezes, as pessoas o ignoravam e faziam caretas, talvez tivessem nojo. Seria a longa barba dele? Ou o cabelo sem corte? Vai saber, faz tanto tempo que não se olha no espelho. Por que tantos o desprezavam? Por que as madames em seus longos saltos faziam cara de nojo? E o que dizer daqueles empresários em seus luxuosos carros? Por que eles o enxotavam como se ele fosse um animal doente?

                 Que diferença faria um prato de comida para quem tem um grande restaurante? E uma roupa para uma fábrica? Não falo de sustenta-lo, mas pelo menos uma vez ser caridoso, ajuda-lo a sobreviver por mais um dia.  Muitos diziam que ele era folgado. “Vagabundo, vá trabalhar!” Ele abaixava a cabeça e continuava seu percurso, será que essas pessoas não pensavam? Ele procurou emprego todos os dias, mas era rejeitado da mesma forma. Quem iria querer um velho maltrapilho trabalhando em seu estabelecimento? Então, caro amigo, não o chame de vagabundo. Existem as exceções, é claro, mas generalizar se torna bem mais fácil, não é? Assim você pode se livrar logo.

                  Fazia bicos aqui e ali, não tinha um emprego fixo, o pouco que recebia utilizava também para ajudar seus colegas de rua. Curioso, tinha tão pouco e mesmo assim partilhava. Quanto você tem? Nunca roubou, nem matou, no entanto era apontado como criminoso por boa parte da sociedade.
E naquela noite fria ele chorou, sentiu as lágrimas romperem a armadura que ele tinha construído. Não mais se sentia forte, talvez tivesse fragilizado pela idade. As lágrimas aqueceram sua face por alguns segundos, então tudo se esvaiu novamente.
                   Não aguentava mais, sentia todos os seus órgãos congelarem, de repente passou a ver tudo por uma sala de vidro, não podia falar nem mexer, só ouvia e aos poucos esse sentido também foi desaparecendo... E dessa forma ele se foi. Família? Desconhecia essa palavra, não se tem ideia do que fizeram com seu corpo. E a sociedade? Oh, ela se compadeceu daquele pobre homem, devia ter sofrido tanto na vida! Qual seria a causa da morte? Muitos indagavam. Uma lástima. Meio irônico, não é mesmo? Reflita.

2 comentários:

  1. Muito bom o texto Débora, parabéns!

    É para fazer refletir mesmo.
    E triste é saber que isso acontece realmente e muitas pessoas não fazem nada. Parece que é bem mais fácil ignorar né e no final fingir algum amparo.
    Falta solidariedade entre as pessoas!

    Ah, melhoras para você! :)
    Beijo.
    http://pausaparaoslivros.blogspot.com.br/

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  2. Oiee ^^
    Adorei o texto ♥ É bem triste mas muito bonito ^^
    Tomei um susto quando li "acidente" *-* mas ainda bem que não foi nada grave *-*
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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