10 julho 2013

Outono humano.


Eu costumava sentar no balanço e observava as folhas laranjas caindo e pousando sobre a terra seca. Era sempre assim, as árvores se preparavam para um longo inverno e suas folhas não atuavam da mesma maneira que o pelo dos animais, ao contrário, elas só consumiam mais energia.

Sempre gostei do ciclo da natureza, ela determinava a vida daquelas árvores, se por acaso o inverno viesse sem nenhum aviso prévio, o que aconteceria? Certamente elas morreriam, pois teriam que fornecer mais energia, a força seria sugada até o fim.  

Com os dias mais curtos a luz solar é reduzida, esse é o aviso. Pouca luz significa pouca energia, a árvore não teria alimento para suas folhas. O que chega a ser mais interessante é que sem luz não há vida, no caso das plantas a clorofila é reduzida, resultando na coloração alaranjada das folhas. Como se isso não bastasse, a árvore produz um hormônio que expulsa as folhas de seus galhos, sabendo que as árvores crescem autonomamente, a perda de um tecido não resultaria na morte da planta.  Algumas pessoas pensam que as folhas caem simplesmente por causa do ciclo, tem uma questão maior aí, é a sobrevivência.

Quantas vezes você deixou que o inverno te dominasse? Quantos avisos você recebeu e ignorou?
Você é uma árvore e todas as suas folhas estão seguras em seus galhos, sua família, seus amigos e até mesmo aquelas pessoas que você não gosta. No entanto, o seu inverno foi tão devastador que você não teve tempo de avisar para suas folhas! Todas elas morreram sem a chance de se despedir, se você tivesse prestado atenção nos detalhes ao seu redor, isso não teria acontecido.

Na maior parte da nossa vida, sempre estamos preocupados em manter expectativas alheias preenchidas, sobrevivemos para o outro, não adianta dizer que é independente, não somos e nunca seremos.  Uma vez que algo que amamos é jogado fora, sempre haverá uma cicatriz para nos lembrar de que os cortes são profundos demais para que a regeneração aconteça. 

Não podemos controlar o ciclo da vida, não escolhemos quem fica e quem vai, todos morrem. Não escolhi as pessoas que tenho e não decidi quem partiria, mas a morte não é o fim, nunca foi. 
Você não pode decidir quem te deixa, mas pode escolher quem você deixará para trás, quer destruir tudo ao seu redor? Tudo bem, mas dessa maneira você estará expulsando todas as suas folhas, elas poderão até nascer novamente, mas NUNCA serão as mesmas. 

Sempre passaremos por invernos rigorosos e o tempo será o fator “X” da nossa mudança, algumas vezes veremos pessoas que amamos caindo e não há nada que possa mudar isso, mas antes que o inverno chegue... Esteja preparado! 

Por: Débora Alves.

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