A melodia não parecia a mesma, as notas emitiam sons estranhos e a letra já não acompanhava no ritmo. Ela prometeu que nada a atingiria novamente, blindou o seu coração e tomou todas as precauções, quem disse que adiantou?
As vezes parece que tudo é uma grande mentira, todos os anos de reclusão só serviram para deixá-la a beira de um colapso nervoso. Ela observou a chegada do outono, ele preparava as árvores para o inverno. Certo? Talvez essa estação esqueceu de passar pelo seu coração, o inverno veio primeiro e ela nem sequer foi avisada.
O vento fazia cócegas nos seus longos cabelos e o velho balanceio estava coberto de folhas alaranjadas sem vida, sem movimento, exatamente como ela. Pela última vez ela abriu a carta. Era incrível como aquelas palavras exerciam um grande poder sobre ela mesmo depois de tanto tempo.
"Perdoe-me, adeus."
Ela chorou novamente, chorou até sua visão embaçar, soluçou até o ar faltar nos seus pulmões. Ainda conseguia sentir o cheiro dele espalhado no ar, seu sorriso e sua voz voltavam com frequência para atormentá-la, mas tudo que havia restado era a carta.
Não sabia se iria arrepender-se de fazer isso, mas ela tinha certeza que não podia viver dessa forma. A carta se transformou em míseros pedaços de papel, ela ergueu as mãos e deixou que o forte vento levasse os últimos vestígios do seu amor.
Brevemente o papel se misturaria com as folhas, depois com a chuva e finalmente desapareceria. Essa foi a primeira vez que ela seguiu em frente sem olhar para trás.
Débora Fontenele Alves.
Oi Débora, tudo bom minha flor?
ResponderExcluirQue texto forte... Muitas vezes devemos fazer igual à menina da crônica, despedaçar, deixar ir embora o que já não valida mais. Nossa vida é com os que ficam.
Beijos
Estante das Fadas, seu blog encantado.
Aw, é verdade Carol. :(
ExcluirBeijos.
Como eu já tive vontade de fazer isso, acho que as vezes até fiz, mas não mantive, acho que o medo de abandonar foi maior. Lindo texto, amei.
ResponderExcluirhttp://www.todasasluas.com/
e você me surpreende mais uma vez rs
ResponderExcluirMuito bom Débora, encatador
que texto lindo! sobre seguir em frente amei!
ResponderExcluirbjs
Adorei o texto! As vezes tudo o que nós queremos fazer é desabar e chorar e depois finalmente conseguimos seguir em frente!
ResponderExcluirhttp://alguns-livros.blogspot.com.br/