10 novembro 2013

Interior.


Ele sempre gostou de cidades pequenas, por mais que tentassem, elas jamais perderiam suas principais características. O pãozinho quente que sempre ocupava as mesas pela manhã, o cheiro do café puro e forte que acordava os moradores, e o comércio receptivo eram os traços que sempre marcaram sua cidade. 

Como de costume, às cinco horas da manhã ele começava a pedalar pela cidade, não existia uma forma melhor para despertar. O sol ainda estava escondido, mas ele sentia-se revigorado só por presenciar os primeiros raios solares. 

Cidades pequenas despertam cedo, grandes metrópoles também, mas no interior tudo acontecia de uma forma calma. Não se ouvia tantas buzinas nem havia tanto estresse ou correria, as crianças acordavam e seguiam para a escola do bairro e nem precisavam passar horas esperando por um ônibus. 

As pessoas ainda se cumprimentavam com o singelo "Bom dia", ato que fazia total diferença no dia de qualquer um. Ele viu o respeito mútuo entre os cidadãos e isso engrandeceu seu patriotismo. Chegando no centro da cidade, observou que os feirantes já preparavam suas mercadorias, roupas, verduras e calçados tornavam a cidade mais colorida. 

Para os apressados, tinha aquele café da manhã nas lanchonetes e esquinas, o tradicional pão com o café que todos amam. As donas de casa já iniciavam sua rotina costumeira, parecia que todas elas marcavam o horário certo para varrer as calçadas. 

Lá pelas sete horas ele sentou-se no banco da praça e desfrutou da sombra que a imensa árvore proporcionava. Comprou uma tapioca de um vendedor ambulante e dispôs-se a observar o movimento ao seu redor. Tudo parecia trabalhar harmoniosamente, foi então que ele percebeu que jamais queria sair daquela cidade. 

Soube naquele instante que não suportaria viver sem aquele ar puro, seus olhos não se acostumariam com nada além daquela paisagem excêntrica e sua audição nunca estaria pronta para enfrentar o grande estresse que assombram todos ultimamente. Deduziu então que tudo evolui, sabia que daqui uns anos sua cidade iria se transformar em uma grande metrópole e aquelas características que ele tanto amava seriam extintas, mas enquanto isso não acontecia, ele iria aproveitar ao máximo essa rotina que jamais se tornaria monótona.

3 comentários:

  1. Lindo!! a descrição da minha cidadezinha sul de minas, Guaranésia está crescendo sim ,lentamente enquanto não acontece de vez.. vamos ficar na rua até tarde sem medo, curtir a noite ,acordar sim com o cheiro de café sendo torrado,ah lindo post adorei !

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  2. Que lindo *--*
    Nasci na cidade e acho que não conseguiria viver no interior, por mais calma que seja a vida. Não sou de balada nem nada, mas curto a praticidade da cidade. Mas confesso que adoro viajar para o interior e ver os dias passarem de forma lenta e preciosa.

    Beijos,
    http://www.segredosentreamigas.com.br/

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  3. Não preciso dizer que é lindo esse texto neh? Trás calma, harmonia e moro numa cidade bem pequena no interior de São Paulo... aqui as pessoas despertam estressadas e vão de carro para o trabalho, no entanto, todos cumprimentam e conhece uns aos outros e isso é fantástico!!! Adoro isso.
    E apesar que odeio algumas coisas no fato de ela ser pequena (não tem livraria e isso me mata por dentro :/) gosto da "rotina".
    Beijos
    sonhos-constantes.blogspot.com

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